110804
(emptying Crewdson)
encaustica sobre compensado naval
250X160cm 
2011



110619
sobre estado de salar
encaustica sobre compensado naval
110X110cm
2011






110621
sobre estado de salar
encaustica sobre compensado naval
110X110cm
2011



110620
sobre estado de salar
encaustica sobre compensado naval
110X110cm
2011



100314 (Whitney Museum)
encaustica sobre compensado naval
160X100cm 
2010





101218 (Saatchi Gallery London) 
encaustica sobre compensado naval
90X160cm
2010



101124 (Paris a partir do C. G. Pompidou)
encaustica sobre compensado naval
70X160cm
2010



110129 (Tate Modern)
encaustica sobre compensado naval
160X1160
2011



100621
Columbus Circle, NY
encáustica sobre compensado naval
160X180cm
2010



100513 (MoMA)
encaustica sobre compensado naval
160X160cm 
2010
(trabalho selecionado para o I concurso itamaraty de arte contemporânea)




101207 (Tate Modern)
encaustica sobre compensado naval
180X160cm
2010



090829
Berlim Station
encaustica sobre compensado naval
160X160cm
2010



091008
(Fundação Iberê Camargo)
encaustica sobre compensado naval
110X160cm 
2010



100203
 (Fundação Iberê Camargo)
encaustica sobre compensado naval
150X140cm 
2010


... a força da imagem é criada, em parte, pela possibilidade que ela tem de durar.
f. bacon
As idéias raramente se ordenam de modo linear, e essa desordem é parte de sua beleza. Muitas vezes elas insistem em incorporar outras dimensões e épocas, expandindo-se com ou sem permissão.
                                                                                          Mimi Thompson
There's a sharp precision that exists in our life... It's a question of removing the clouds, rather than recreating the sun.
Trungpa                                 

A cela do prisioneiro ou do monge é a mesma cela.
As paredes que aprisionam, tambem libertam.
A limitação está dentro, e não fora.
I might be away from what matters, but it's always within. Pocket paintings...



Eu gostaria mesmo é de voar, de me soltar do chão. Mas ainda acredito que sou feita dessa carne, então vou criando degraus para que eu possa subir por eles.
"I don't like a big enterprise of people working for me, I don't want to be a master. I want to be a kid. To keep making art, you have to put yourself in the position of a beginner. You have to be excited by a stone on the sidewalk or, like a child, the flight of a bird."
Gabriel Orozco
Não quero inovar.
Não quero revolucionar nada.
Não quero nem mesmo ser original, pois a minha questão não é original.
É básica: o tempo está acabando.

A questão do tempo

...é um clássico que beira a banalidade, mas este senhor sizudo e determinado ainda é para todos nós o maior dos incômodos, mesmo que você não queira olhar para ele.
Evitando o precipício do clichê - xiii, já caí - de que tudo o que temos a possibilidade de fazer, sentir, sonhar; viver ou sobreviver tem que se encaixar no espaço de uma vida, podemos driblar este espaço de tempo com algumas manobras interessantes.
Sem nenhuma profundidade no assunto, penso em nossos antigos conhecidos de colégio, os egípcios. Sempre que falo de encáustica, acabo citando-os, e nem poderia ser diferente; mas quando me deparei novamente no Met com as pinturas produzidas por eles há 2.000 anos, me deparei também com a pequenez do tempo de um único ser, independente da permanência do que ele foi cuspindo ao longo da vida. Posso pensar em obras de arte ou resíduos PET.
Ok, o barato dos egípcios era outro. Mas o que está acontecendo com o mundo a volta da obra que tem uma deterioração mais lenta? O que está acontecendo comigo? E com a sua vizinha?
Aí vai uma senhora de Fayoum, do ano 90. Imagina quanta coisa ela já viu...


Quando a luz é muito intensa simplesmente não conseguimos perceber as formas.
O mundo é tão extenso, a mente tão ampla, que quando vemos um pouco além do quintal é uma experiência que as palavras não dão conta.


Ver a "verdade"gera desconforto.
Muitas vezes o único jeito de evitar o desconforto é se anestesiar. Ao preço de viver na inverdade...

reflexões didáticas

Primeiro foram dois anos dentro da toca, experimentando, mexendo, raspando, esquentando, esfriando, submergindo no mundo dessa nova e bem velha técnica, a encáustica.
E agora algumas pessoas tem brotado do orvalho, querendo umas informações sobre a dita cuja.
Então aí vai um momento livro aberto…
Quando eu estava na faculdade, há mais de uma dúzia de anos, a pintura encáustica era uma coisa meio mitológica…
Tivemos várias técnicas no curriculum, aquela coisa, aquarela, óleo, têmpera de ovo… mas ouvi uma colega descolada comentando sobre uma técnica incrível, perdida no tempo, que usava cera. Tentei obter mais informações, mas quando a gente tem pouco mais de 20 e não tem internet (não, eu não tinha internet… nem eu nem quase ninguém) entre uma certa preguiça de buscar informações e a arroganciazinha própria dessa época, segui com a informação que eu tinha: uma técnica que usava cera.
Aonde acho cera? Nas velas!!!
E assim derreti algumas velas, coloquei pigmento e pincelei alguns relevos sobre as minhas telas de acrílica!
Eram umas árvores…  e as folhas eram de cera…
Ainda bem que não segui muito adiante com isso, pois logo em seguida veio o outono e o inverno naquela minha tela, e a árvore perdeu as folhas.
Por que?
A coisa é toda muito simples, pintar com cera.
Cera. Aquilo produzido pelas abelhas… que já o faziam há cinco mil anos…
Até tem vela de cera de abelha, mas quando pensamos em vela, em geral é aquela coisa branca que vende no supermercado e vem num pacotinho com 8 unidades. E esta é feita de parafina. Parafina é feita de nafta, resíduo do petróleo. Não serve. Só quando acabar a luz.
A cera de abelha é o componente principal do medium. E por si só já é suficiente para ser usada, adicionando-se pigmento.
A cera de abelha pode ser bruta ou branqueada. Eu uso ambas, preferencialmente a bruta, por ter suas características mais íntegras.
A cera de abelha QUEIMA. Não deve-se aquece-la acima dos 80ºC, pois queimada ela fica escura e perde a elasticidade. Acima de 200ºC ela entra em combustão, gerando um gás altamente prejudicial a saúde.
Portanto, ao derreter a cera use um recipiente em banho-maria, ou equipamento especialmente desenvolvido para isso.
O ponto de fusão da cera de abelha é em torno de 62­ºC. Ou seja, baixo. Num dia bem quente de Brasil a pintura pode amolecer.
Para aumentar o ponto de fusão do medium acrescento pequenas partes de cera de carnaúba (82ºC) e resina de damar (os cristais!!! Não o verniz.) Mas recomendo se dar um passo de cada vez, então é melhor deixar essa receita para mais tarde.
Pigmento. Não confundir com corante. O pigmento é um pó. Suvinil não serve.
Pó xadrez até pode ser… Mas eu gosto dos pigmentos Sennelier.
Já avançamos um pouco, mas ainda é possível que as folhas caiam no inverno…
A cera adere a quase tudo, mas à tela e sobretudo com tinta acrílica, ela adere muito mal. A tela é maleável, vai trabalhando conforme a temperatura e a cera pode se descolar inteira do fundo.
Eu recomendo uma superfície rígida, madeira é ótimo. Tenho usado compensado naval fininho, pois trabalho em grandes formatos, e ainda não comprei um guindaste…
O passo seguinte é fundir. Hã?
Re-derreter a cera recem aplicada na camada anterior, para que aquilo se torne uma coisa só. Ou seja, aplicar uma fonte de calor sobre aquilo que acabou de ser pintado. Passar um ferro (numa temperatura baixíssima), um secador de cabelo, um aquecedor, um maçarico… ou um pouquinho de tudo isso. Se vai estragar o que acabou de ser pintado? Talvez. Provavelmente, e essa é a beleza da coisa. A gente não estraga a comida quando come… mas aproveita.
E assim vamos, camada a camada. A cada camada deve ser feita a fusão. Esqueça o relógio, a agenda. It takes time…
Aproveitem.
   









Art is no mere representation, it is revelation, prophecy, making of dead or indifferent matter the very abode of the spirit.
Max Weber
There is a crack in everything
That's how the light gets in.
 L. Cohen

Thank you, Mr. Watson, for increasing the cracks...
A vida é limitada por um corpo, uma cidade, um relacionamento, um emprego… às vezes a gente a gente até enxerga a saída, mas não sai.
Vivemos dentro de uma limitação, um muro que nós mesmo construimos, mas não conseguimos transpor…
Cada um vive na sua sala solitária, pode ser pequena, pode ser ampla… mas a pessoa vive, do dia que nasce, ao dia que morre, porque não consegue sair. Como diz o Leonard Cohen, alguns tem rachaduras, por onde entra um pouco mais de luz, mas no geral é escuro, só porque ninguém se aventura a deixar o lugar…
Como é dentro dessas paredes que cada um vive, completamente sozinho, porque em cada corpo só cabe um mesmo, essas paredes vão ganhando as marcas daquele que ali vive… Paredes marcadas pelas rugas do tempo, cicatrizes dolorosas da experiência de não sair dali… Um cativeiro.
Tesão.
Gosto dessa palavra pelo seu poder de síntese. Curtinha e bem eficiente para transmitir uma idéia.
É isso. Continuando algumas idéias sobre a limitação, tesão é esse ímpeto de querer sair da salinha de espessas paredes, se livrar do cativeiro.
E cada um se livra do cativeiro de um jeito diferente. O que primeiro vem a mente é a própria liberdade do sexo. Quando é bom. Essa coisa de união divina… Apesar do favor que a igreja fez de garantir que as pessoas não pensem nisso, alguns pensaram, e perceberam a luz entrando. Um orgasmo é uma saidinha da sala, ou a visita de alguém.  O problema é que a coisa toda é meio rápida – se pensarmos no tempo de duração de uma vida. E se a busca vai só por aí vira um disturbio mental, social, e não a saída.
Mas dá prá ter tesão em um monte de outras coisas. Tem muitos jeitos de deixar as pessoas entrarem na sala, muitos jeito de sair dessa prisão de segurança máxima que com tanto orgulho, ou mera distração construímos ao longo de horas, dias e décadas.

Sábado amanheceu lindo.

E mesmo assim fui meio me arrastando à beira desse rio, que não é rio, que banha POA. E na orla do não-rio estava ainda mais lindo que os mais lindos lugares... Aquele tipo de lindo que não tenho a menor vontade de fotografar, porque claro, é o tipo de beleza não dá pra eu fotografar, guardar o que mesmo? Não tenho o talento de fotografar essas belezas que vem prontas.
Até aí já estava bem bom, mas fui prá etapa seguinte, entrei naquele museu mais que lindo e logo estava ali sentada me deliciando com o sotaque da minha terra. Era o Fajardo, por isso não preciso dizer que o conteúdo também era bem bacana, mas fiquei um tempo surfando na entonação, nas texturas, nos meio-tons, na peculiaridade da linguagem do Fajardo.
Aí uma hora eu ouvi "...me interessa o método, o processo, mais que o objeto..." e meu intelecto, ou um pedacinho dele, despertou, como quando a gente sente o cheirinho do café passado de manhã.
A obra de arte tem o caráter "objeto" e o caráter circundante: conceito, materialidade, interação e tudo aquilo que vem junto, tipo os cookies do seu computador...
Então notei que ...me interessa o método, o processo e muito esse caráter objeto - que o Fajardo estava descartando - pois acho incrível essa supervalorização do objeto. Aquela coisa que tem forma, peso, cor, cheiro... matéria.
Passamos a vida nos apegando e descartando objetos. Estamos todos numa relação muito louca com os objetos a nossa volta.
Nessa nossa realidade espaço-tempo, quero mais, mais, mais o objeto. Para mim não basta mais fazê-lo (ou mostrá-lo) efêmero. A desmaterialidade não nos impressiona mais, ou não estaríamos achando normal viver on-line e chegarmos a uma certa satisfação com isso.
Quero a supermaterialidade. Quero quebrar a relação espaço-tempo pelo avesso. Vamos ver o tempo se esticar, o objeto permanecer, a matéria pesar.
E aí poderei ver quão pequenininha e efêmera eu sou.
Aliás, já nem sou, só estou.

Continuando...

Este lugar é a continuação do projeto Algum Lugar Algum.
Cada lugar vê o tempo passar e coleciona suas histórias, coladas em suas paredes, escorrendo pelo chão.
Algum Lugar Algum é um lugar, em algum tempo. Este tempo começou aqui nesse lugar há algum tempo, perto do pé da página, ou talvez já em outra página (desse blog).