Aí vai uma Fernanda um pouco indignada…

“While oppression and bloodshed always get attention, visitors seemed to be just as interested in a good laugh.”
By CAROL VOGEL
Published: June 7, 2009
The New York Times

No fim, continuamos falando sobre a mesma coisa então… mercado.
Estou um pouco chocada, pois a declaração acima é a respeito da 53a. Bienal de Veneza.
Por um lado, vivo repetindo a mim mesma que não preciso cair no clichê do clichê de ser uma artista rebelde, contra tudo e todos. Por outro, não vou me vender, fazer micagens para o público que me jogar amendoins por trás das grades.
Ainda assim, todos temos nossas idealizações, e, inocente ou apenas ignorante, a crítica do NY Times e a própria Biennale, sempre foram duas das minhas. E numa baldada de água fria, lá se foram ambas…
O povo tá fazendo arte prá chamar a atenção? No fim é só isso então? Um pouco de opressão, sangue ou boas risadas… e a exposição é um sucesso de público! Não porque tem uma verdade qualquer ali, mas porque tem a receita do bolo? Não se esqueça do fermento… E lá vai a massa, faminta de melodrama-novela-pão&circo.
E a arte o que é então? A maquiagem da mesma diversão da massa? Alguns descem o morro no Rio para ir ao Shopping (só prá olhar e curtir o ar condicionado), outros vão de jatinho prá Veneza - com a mesma emoção?
Um dos meus mestres dizia que há uma grande responsabilidade em ser um artista, pois este tem a a capacidade de influenciar seu público positiva ou negativamente. Eu sinceramente espero que isso ainda aconteça… Mas as vezes acho que essa questão da influência saiu da moda. Toc-toc-toc… is there anybody in there?
Ainda existe um público para ser influenciado? Mesmo? Hoje existe mais público que nunca, mas nunca as pessoas foram tão pouco público. Sinto um cardume de peixes mergulhados em seus umbigos, nadando num labirinto interminável, fazendo o que deveria ser feito, num volume de peixes cada vez maior e cada vez mais perdido.
Às vezes um ou outro tem uma idéia diferente das coisas, e resolve entender o que está fazendo. E outros o seguem, mesmo sem entender… De certo modo acreditei que na arte estavam as placas que indicam o caminho para fora desse labirinto. Muito me surpreende que a arte até pode ser tal placa, mas que pode também ser só mais um beco sem saída.
Ok, uma idealização a menos é sempre bom, e Bienais de Veneza servem prá… a gente se divertitr. E sendo assim, vamos nos divertir. Vendo uma boa novela ou indo a exposição mais próxima. Se, por um acaso acontecer de encontrarmos alguma verdade incrível que nos emocione e faça, mesmo que por quatro segundos, a nossa vida ficar mais bela, nos sentirmos leves e com aquela sensação de “agora tudo faz sentido”, ótimo. Preste a atenção porque talvez isso aconteça enquanto você está assistindo a novela.

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